Programa de pós-graduação em estudos linguísticos: POS-LIN
Seminário on-line de Linguistica Aplicada: semana 16 - 06 a 12 de junho de 2005

Profa.: Vera Menezes / Autor: Rômulo Francisco de Souza - romim_it@yahoo.it

Introdução
Conceitos
Tipologia
Descobrindo
Estratégias e aquisição
Leitura complementar
Referências bibliográficas

Introdução

Quando você se depara com um problema e tanta contorná-lo ou soluciná-lo com os meios que você tem à sua disposição, ou ainda quando você traça planos e se perpara para alcançar uma meta, você está agindo estrategicamente. O mesmo pode-se dizer de um aprendiz que monitora seu próprio aprendizado, que busca ter contato com falantes nativos para praticar a língua, ou que, em uma conversação, tenta usar sinônimos ou paráfrases para preencher o espaço de uma palavra que ele ainda não conhece. Essa página vai lidar exatamente com essas "estratégias de aprendizagem".

Conceitos
"Estratégias de aprendizagem são ações específicas tomadas pelo aprendiz com o objetivo de tornar o aprendizado mais fácil, mais rápido, mais agradével, mais independente, mais efetivo, mais flexível e mais transferível para novas situações" (Oxford:1990p.8)
"Estratégias de aprendizagem são recursos que o aprendiz utiliza para resolver certos problemas, como por exemplo, aumentar o vocabulário, melhorar a pronúncia, dominar uma estrutura gramatical, etc" (Paiva: 1998 apud Sabariz:2004, p.37)
[Estratégias de aprendizagem] "são técnicas que os alunos utilizam para se tornarem mais autônomos" (Ehrman:1996 apud Sabariz:2004 p. 37)
"Estratégias de aprendizagem são técnicas, abordagens, e ações deliberadas das quais os aprendizes lançam mão no intuito de facilitar o aprendizado e atualizar as informações tanto linguísticas quanto relativas ao conteúdo" (Chamot:1987 apud Ellis: 1994)
Tipologia
Oxford (1990) considera seis tipos de estrátégias, classificando-as em diretas e indiretas. As estratégias diretas seriam as estratégias cognitivas, de memória e de compensação. As estratégias indiretas seriam as estratégias metacognitivas, afetivas e sociais. As estratégias diretas estão diretamente relacionadas com a língua. A autora compara as estratégias diretas aos atores de uma peça teatral e as indiretas ao diretor.

Oxford (2001) explica, suscintamente, as seis estratégias da seguinte maneira:

Estratégias cognitivas: permitem que o aprendiz manipule diretamente o material linguístico de diversas maneiras: através do racioncínio, análise, tomada de notas, resumo, sínteses, rascunhos, reorganizando informações para desenvolver esquemas (estruturas de conhecimento), praticando em contextos naturais, etc.

Estratégias metacognitivas: são usadas para a administração do aprendizado. Ex: identificar o próprio estilo de aprendizagem, preparar-se para uma tarefa em L2, conseguir materiais, organizar o local de estudo, monitorar os próprios erros, avaliar o sucesso em tarefas e também do próprio aprendizado.

Estratégias de memória (ou mnemônicas): ajudam os aprendizes a memorizar novos elementos através de associações, nem sempre significando aprendizado profundo. Ex: observar acrônimos, fazer associações com rítmos, imagens mentais, sons, com o próprio corpo, meios mecânicos, etc.

Estratégias de compensação: ajudam o aprendiz a utilizar a língua, superando a sua falta de conhecimento sobre ela. Ex: Adivinhar inteligentemente pelo contexto, usar sinônimos, parafrasear, evitar um tópico, etc.

Estratégias afetivas: Ex: identificar o próprio nível de ansiedade, compartilhar sentimentos, sentir-se recompensado por uma boa performance, encorajar-se, etc.

Estratégias sociais: auxilia o aprendiz a trabalhar com os outros e compreender a cultura alvo, assim como a língua. Ex: fazer perguntas para obter uma verificação, para esclarecer um ponto não compreendido, pedir ajuda para durante uma tarefa, comunicar-se com um falante nativo, explorar normas sociais e culturais, etc.


Descobrindo as estratégias...

Oxford (1990), no apendice C, apresenta o SILL (Strategy Inventory for Languagem Learning), um questionário que tem como objetivo identificar as estratégias de aprendizagem utilizadas por um aprendiz de língua estrangeira. Esse questionário tem sido bastante usado por pesquisadores e professores de todo o mundo (Anderson 2003) . A professora Vera Menezes disponibiliza uma tradução do SILL em seu site. Ele pode ser acessado no endereço: http://www.veramenezes.com/sill.htm

Oxford (2001) cita os resultados de algumas pesquisas, mostrando a relação encontrada entre os 6 tipos de estratégias e a fluência em segunda língua.

Segundo ela, as estratégias cognitivas, metacognitivas, de compensação e social estão diretamente ralacionadas à proficiência em L2. Por outro lado, as estratégias de memória e afetiva parecem não se relacionarem diretamente com a proficiência.

Com relação às estratégias de memória, ela explica que a provavél razão dessa relação negativa seria o fato de que tal estratégia seria frequentemente utilizada nos estágios iniciais e, posteriormente, deixada de lado nos estágios finais, já que, nesses estágios, o vocabulário aumenta consideravelmente e o aprendiz tem necessidade de uma maior automatização.

Com relação à estratégias afetivas, uma explicação poderia estar no fato de que quanto mais o aprendiz caminha em direção à fluência, menos ele precisará dessa estratégia. Talvez isso se dê por causa do uso contínuo e eficaz das estratégias cognitivas, metacognitivas e sociais, no que tange a proficiência.

Estratégias e aquisição

Leitura complementar:

OXFORD, Rebecca. Language Learning Strategies: An Update. University of Alabama. 1994 <https://www.ericdigests.org/1995-2/update.htm>. Acesso em: 10 abril de 2018

Referências bibliográficas

ANDERSON, N. J. Srolling, clicking and reading English: online reading strategies in a second/foreign language. The Reading Matrix. V.3, n.3, november 2003, p. 1-32.

ELLIS, Rod. The study of Second Language Acquisition. Oxford. Oxford University Press, 1994.

OXFORD, R. L. Language Learning Strategies: what every teacher should know. Boston: Heinle & Heinle, 1990.

OXFORD, R. L. Language Learning Styles and Strategies. IN: CELCE-MURCIA, M. (Ed.) Teaching English as a Second or Foreign Language. 3a ed. Boston: Heinle & Heinle, 2001. p. 359-366

SABARIZ, Silvana Agostini. Aprendizagem de língua inglesa via internet: estratégias de aprendizagem e manifestações da autonomia do aprendiz. 2004. dissertação (Mestrado em Linguística Aplicada) - Faculdade de Letras, UFMG, Belo Horizonte.

 


 
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